Justiça italiana mantém Carla Zambelli presa em Roma e ignora apelos por liberdade provisória

Condenada pelo STF a 10 anos de prisão, deputada licenciada segue detida no Complexo de Rebibbia enquanto processo de extradição avança; caso expõe contradições da sua fuga e do discurso de “intocabilidade”.

Crédito: Lula Marques/Agência Brasil

Nem o mal-estar durante a audiência, nem os apelos por medidas cautelares convenceram a Justiça italiana a liberar Carla Zambelli (PL-SP). Condenada no Brasil pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a deputada licenciada seguirá detida no presídio feminino Germana Stefanini, parte do Complexo Penitenciário de Rebibbia, em Roma.

A decisão veio nesta quarta-feira (13), após sessão no Tribunal de Apelação interrompida por um episódio de tontura e fraqueza da parlamentar, que precisou de atendimento médico. Mesmo assim, a audiência foi retomada e resultou na manutenção da prisão até o fim do processo de extradição. Zambelli tenta, sem sucesso, trocar a cela por um apartamento monitorado, medida rejeitada pela corte italiana.

Presa desde 29 de julho, a ex-parlamentar está longe do protagonismo que buscava ao deixar o Brasil no início de junho, alegando cidadania italiana e suposta “imunidade” contra ordens judiciais brasileiras. Incluída na lista vermelha da Interpol, teve passaportes e contas bloqueadas e acabou localizada em Roma, pondo fim a quase dois meses de fuga.

O histórico que a trouxe até aqui é pesado. Em maio, o STF a condenou, junto ao hacker Walter Delgatti Neto, por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Segundo a Procuradoria-Geral da República, Delgatti agiu a mando de Zambelli para adulterar credenciais do CNJ e inserir documentos falsos incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes e ordens de soltura irregulares numa tentativa de desestabilizar o Judiciário e se projetar politicamente.

A fuga internacional, vendida como estratégia, hoje se revela uma manobra malsucedida que apenas ampliou o desgaste político e jurídico da ex-deputada. Na Itália, o processo de extradição pode levar até dois anos, tempo em que Zambelli terá de lidar com as grades e com a ironia de ter encontrado, fora do país, a mesma firmeza judicial que tentou evitar no Brasil.

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