COP30 em Belém reunirá recorde mundial de lideranças indígenas na defesa do planeta
Governo brasileiro estima presença de três mil representantes de povos originários na conferência, reforçando a pauta da demarcação de terras como estratégia central contra a crise climática.
A COP30, marcada para novembro em Belém (PA), promete entrar para a história não apenas pelas discussões climáticas, mas também pela presença inédita de povos indígenas. O governo brasileiro, que preside o evento, prevê a participação de cerca de três mil representantes de povos originários de diversas partes do planeta, número quase dez vezes maior que o recorde anterior, registrado em Paris (2015) e Dubai (2023), com cerca de 350 participantes.
Do total esperado, mil indígenas metade brasileiros e metade estrangeiros devem integrar as negociações oficiais na Zona Azul, enquanto os demais terão espaço na Zona Verde, destinada à sociedade civil. A meta é garantir que a COP30 seja o encontro mais inclusivo já realizado, atendendo ao apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, que chama os povos indígenas de “guardiões da biodiversidade”.
Para alcançar esse marco, a presidência brasileira criou o Círculo dos Povos, liderado pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. A iniciativa conecta lideranças indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes ao processo de preparação da conferência. No Brasil, o Ciclo COParente percorre todos os biomas e regiões para capacitar e mobilizar comunidades sobre a importância da COP e suas pautas. Já no campo da diplomacia, o Programa Kuntari Katu prepara lideranças para atuar nas complexas negociações climáticas internacionais.
A estrutura para receber os participantes também está garantida: a “Aldeia COP” será montada na Universidade Federal do Pará (UFPA), oferecendo um espaço de convivência e hospedagem para os três mil representantes.
Sonia Guajajara destaca que a principal pauta comum aos povos originários é a defesa do território. Para ela, a demarcação de terras deve ser incluída nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países como medida efetiva de mitigação da crise climática.
“Os territórios indígenas guardam algumas das áreas mais preservadas do planeta e funcionam como sumidouros de carbono. Defender essas terras é também defender o clima”, afirma.
Além disso, o Ministério dos Povos Indígenas vai defender que pelo menos 20% dos recursos do Fundo Florestas Tropicais para Sempre sejam destinados diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais parcela muito superior ao 1% que atualmente chega a esses territórios.
Com essa mobilização, o Brasil pretende transformar a COP30 em um marco não só para as negociações climáticas, mas para a visibilidade e o protagonismo dos povos que, há séculos, protegem e preservam ecossistemas vitais para o planeta.
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