Educação financeira vira mistério em sala de aula e engaja alunos com narrativas investigativas

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A educação financeira nas escolas está ganhando novos contornos e se distanciando das tradicionais fórmulas, tabelas e planilhas. Professores de diversas partes do país vêm adotando uma abordagem inovadora: transformar os conteúdos econômicos em mistérios a serem desvendados, despertando a curiosidade e o pensamento crítico dos estudantes.

A proposta é simples e eficaz: em vez de iniciar a aula com conceitos técnicos, os educadores lançam perguntas intrigantes como “Por que os preços estão sempre aumentando?” ou “Para onde vai o dinheiro que guardo?”. Com essa estratégia, inspirada nas histórias de detetive, os alunos mergulham em desafios narrativos, onde precisam levantar hipóteses, investigar causas e propor soluções para problemas do dia a dia.

O método está alinhado com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estimula a integração da educação financeira ao cotidiano escolar, de forma transversal e prática. E uma das iniciativas que tem se destacado nesse cenário é a coleção Contos Investigativos, da jovem escritora amazonense Maria Luiza Lira, a Malu Lira.

Aos 15 anos, Malu é autora de mais de 15 livros voltados à educação financeira para o público infantojuvenil. Com enredos inspirados em histórias de mistério, suas obras abordam temas como orçamento familiar, consumo consciente, inflação e juros compostos, sempre através de personagens que enfrentam dilemas semelhantes aos dos próprios leitores.

“Quando transformamos um conceito em um mistério a ser desvendado, convidamos o aluno a pensar, questionar e conectar o conteúdo à própria realidade”, afirma Mirella Lopes, gestora educacional do Grupo Malu Finanças. Segundo ela, a abordagem lúdica e envolvente permite que os estudantes desenvolvam não apenas conhecimento financeiro, mas também habilidades como lógica, análise de consequências e senso de responsabilidade.

Professores que já utilizam os livros em sala relatam que o formato narrativo estimula a participação ativa dos alunos e torna mais acessíveis conteúdos tradicionalmente considerados difíceis. “Em vez de receberem respostas prontas, eles constroem o conhecimento a partir de pistas e experiências dos personagens, o que torna o aprendizado mais significativo”, explica Mirella.

Além da produção literária, Malu Lira também é idealizadora do projeto Malu Finanças na Escola, que oferece soluções para o ensino de finanças em mais de 100 escolas brasileiras. Porta-voz da plataforma Me Poupe!, Malu começou sua trajetória aos 11 anos, após se apaixonar pelos vídeos da educadora financeira Nathalia Arcuri.

Para especialistas, essas iniciativas ainda são pontuais, mas indicam uma mudança de mentalidade com grande potencial de impacto. “Ao se apropriar do formato de mistério, a educação financeira ganha emoção, conexão com a realidade e, principalmente, significado”, conclui Mirella.