Brasil substitui vacina oral contra poliomielite por versão injetável a partir desta segunda-feira

(Imagem: Internet)

A partir desta segunda-feira (4), o governo brasileiro vai alterar sua estratégia de combate à poliomielite, substituindo as doses de reforço da vacina oral (VOP), popularmente conhecida como a "gotinha", pela vacina inativada poliomielite (VIP), aplicada por injeção.

De acordo com o Ministério da Saúde, essa mudança acompanha uma tendência global de adotar a VIP, feita com partículas inativadas do vírus, em vez da versão oral, que contém o vírus atenuado. Segundo o infectologista Fernando Chagas, a vacina injetável é mais segura para todos, pois, ao contrário da versão oral, ela pode ser administrada também em pessoas com imunodeficiência, já que não utiliza o vírus vivo atenuado.

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A pediatra e infectologista Silvia Nunes Szente Fonseca destaca ainda que a versão oral da vacina pode causar a eliminação de uma pequena quantidade do vírus atenuado nas fezes, criando a possibilidade de transmissão ambiental. Esse fator foi benéfico no passado, ao ajudar a disseminar o vírus enfraquecido em áreas sem saneamento básico, permitindo a produção de anticorpos na população. Porém, existe um risco raro de mutação do vírus no ambiente, o que poderia levar à doença. Com a vacina injetável, que contém o vírus inativado, esse risco é eliminado.


Além disso, a mudança simplifica o esquema vacinal. Com a alteração, todas as doses da vacina agora serão injetáveis: as três primeiras doses (aos 2, 4 e 6 meses) continuarão sendo da VIP, e a dose de reforço aos 15 meses será injetável, em substituição à gotinha. A segunda dose de reforço, antes aplicada oralmente aos 4 anos, não será mais necessária devido à maior eficácia da vacina injetável.

A história do Zé Gotinha

O Ministério da Saúde destaca que o Brasil registrou 25.183 casos de poliomielite entre 1968 e 1980. Em 1980, iniciou-se a campanha de vacinação em massa que resultou no último caso da doença no país em 1989, com o Brasil sendo declarado livre da pólio pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1994.

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Parte desse sucesso se deve ao carismático personagem Zé Gotinha, criado em 1986 pelo artista plástico Darlan Rosa, que se tornou um símbolo das campanhas de imunização no Brasil. "Quando vemos o Zé Gotinha, sabemos que ali está presente uma estratégia de proteção coletiva", comenta Chagas.

Apesar da mudança para a versão injetável, o Zé Gotinha continuará sendo um símbolo das campanhas de vacinação no país, reforça o Ministério da Saúde.